[A propósito de manif's]...
Quem vai à guerra dá e leva e como eu costumo dizer, «as
perguntas nunca são indiscretas, as respostas sim, podem ou não, ser», por isso…
dá-lhe!
Fui habituado (educado) a respeitar e a conviver com a
opinião dos outros; Fui habituado a respeitar uma crítica e a conviver com
pessoas de opinião e maneira de estar diferente. No entanto, não gosto de levar
uma bofetada e dar a outra face; Não sou obrigado a respeitar quem não me
respeita; Por outras palavras e como costumo dizer «não sou Madre Teresa nem
Padre da paróquia, muito menos saco de boxe».
Não posso ir a manifestações com palavras de ordem antigas,
cartazes, gaitas e tambores, exigindo isto e aquilo, em ritmo de protesto
festivaleiro que os políticos gostam muito e agradecem, porque depois, dizem
«vivemos em democracia e o Povo tem direito a manifestar-se».
Recuso-me!
Não posso alinhar em manifestações de protesto pela situação
actual, de forma cívica, educada e ordeira. Não posso, não quero e não devo.
Porquê?
Como posso respeitar uma política e políticos que não me
respeitam?
Como posso ser educado, democrático e cívico, com um governo
e políticos, que ROUBAM, DESVIAM, FALTAM-ME AO RESPEITO, TIRAM-ME DIREITOS
ADQUIRIDOS, TRATAM-ME MAL, TIRAM-ME QUALIDADE E NÍVEL DE VIDA?...
Como posso respeitar quem não manda para a prisão os corruptos, aldrabões e
enriquece à custa da política?
Como posso respeitar, esta CAMBADA que tornam a vida da
maioria do Povo uma tortura?
Como posso respeitar quem manda para a prisão aquele que
trabalhou uma vida inteira, e agora se vê sem trabalho, sem hipóteses de
cumprir os seus compromissos e alimentar os seus?
Como posso respeitar quem defende os corruptos, rouba
dinheiro aos trabalhadores, permite leis de favorecimento aos “grandes”
empresários, trata mal os seus próprios funcionários, explora mão de obra
especializada?
Como posso respeitar quem nos vende ao estrangeiro e ao
grande interesse do capital/mercado e nos coloca de joelhos, subjugados durante
décadas e décadas?
Não posso, não quero, não devo.
Chamem-me para pegar em armas, com tudo que tiver à mão, nem
que sejam as pedras da calçada, e expressar de forma violenta e firme o meu
(nosso) descontentamento. “Eles” não merecem o meu (nosso) respeito e civismo.
Até lá… vamos brincando ás novelas, ás eleições, ás
coligações (e todo o resto acabado em… ões), e talvez o tempo, o cansaço, a
idade ou a morte, apague este meu lado B que numa tarde chuvosa, mais fresca e
ao correr do teclado, colocou a boca no trombone.
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[14/20] - A boca no trombone
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